Olá!! Meus amigos e amigas , bem vindos!!
Este mês como sabem comprometi-me a “consciencializar” e informar , não apenas para o AUTISMO, mas acima de tudo para a diferença. O tópico de hoje continua a abordar a inclusão na educação , que é um tema preocupante e que urge mudança.
Nas minhas leituras, encontrei um ensaio realizado por Érica Nunes de Andrade, gestora do blogue “Pedagogia ao Pé da Letra” acerca do livro “ Diferenças e Preconceito na Escola do autor brasileiro Júlio Groppa Aquino.
O livro “Diferenças e Preconceito na Escola” de Júlio Groppa de 1998 ( 20 anos depois este tema está TOTALMENTE atual, pois a problemática base mantém-se) aborda o multiculturalismo, as diversidades generalistas e específicas e a suas implicações na Educação- mais concretamente na “infraestrutura” escola e como estas colocam em prática estes conceitos junto de seus alunos e comunidade.
Nos dias que correm, perante a esmagadora necessidade de INCLUSÃO social, genérica e educativa, torna-se imperativa a reflexão sobre estas questões que estão indissociavelmente presentes no nosso quotidiano, direta ou indiretamente , é por isso que digo , e defendo, que devemos levar a informação positiva, criar hábitos mentais salutares através de um processo baseado na abordagem “ mindfulness” em que nos reeducamos a pensar; desbloqueando conceitos e preconceitos que estão totalmente obsoletos!
Se queremos MUDANÇA, temos de ser a MUDANÇA!
“Diferenças e Preconceito na Escola” ; é a temática de hoje:
A Autora começa por fazer uma apreciação pessoal, com a qual concorda, que passa um pouco pela desmistificação dos preconceitos relativos à diferença num primeiro plano; e posteriormente pela praticabilidade funcional da tão desejada “INCLUSÃO” de que todos falam, mas poucos na verdade saberão como executar.
A autora do blogue refere , apoiando-se no livro, que a “presença do preconceito na escola em relação À diferença só faz aumentar essa mesma diferença e/ou qualquer situação de desvantagem e consequentes sentimentos de incapacidade” e acrescenta;
“Acho que não é nem uma situação de preconceito somente, mas um despreparo para lidar com o novo, com o diferente, o que não é comum, porém isso, apesar de pouco comum, as crianças devem compreender que situações destas são normais, que elas infelizmente, ocorrem e devem ser vistas como norma e não com repulsa”.
E continua ainda; “ Do despreparo das crianças para lidar com a diferença ,( e eu acrescentaria também o “despreparo” dos adultos) nasce o preconceito propriamente dito. “ Esse preconceito pode ser crucial na vida do aluno ou aluna com necessidades educativas específicas ( ou como o Decreto Lei 3 prevê “necessidades de saúde especificas” ), (…) limitando toda sua atuação na escola, prejudicando-o também psicologicamente.”
O ensaio desta autora, apoiada no livro de referência, propõe que se aproveite toda a evolução tecnológica e massificação da “era” digital que une o “multiculturalismo” mundial através de uma “rede de comunicações” em que as distâncias são quebradas por breve “cliques” informáticos, para que esta linguagem ajude a trabalhar esse “multiculturalismo” presente em todas as sociedades , e que se trabalhe esta linguagem nas escolas para que a verdadeira inclusão possa acontecer e não apenas dentro das necessidades específicas de saúde, mas também das sociais , religiosas, étnicas e económicas.
A autora do ensaio acerca deste livro de Júlio Groppa , reforça ainda que : “é por toda essa tecnologia e avanços que urge a superação desses preconceitos (…) Parece que o mundo concreto evoluiu, entretanto, o mundo psicológico e de relações sociais não passou pelos mesmos avanços, pois vemos diariamente situações de preconceito que só fazem os alunos regredirem e com isso, o mundo todo perde.”
Em boa verdade se diga que uma realidade não define todas as outras; ou seja, este ensaio está totalmente direcionado para a educação no Brasil; país de origem dos autores e, como tal , lugar de referência dentro da temática para os mesmos.
Nós falamos acerca do que conhecemos; partilhamos opinião acerca do que vivenciamos e das nossas experiências retiramos credibilidade para emitir “juízos” de valor. No entanto, tal como há pouco tempo vos disse aqui, a maioria não é a totalidade; ou seja , neste caso concreto dos autores, terão de algumas instituições deste país, capazes de “falar uma linguagem inclusiva”; assim como, tal como referi anteriormente, em Portugal , existem instituições capazes de o fazer de forma exemplar, e outras , que nem tanto…e não vem ao caso os “porquês”; o que importa aqui e agora é compreender que , primeiro, a necessidade de INCLUSÃO é um flagelo mundial. Em todos os lugares onde há diferença ela é necessária. Segundo, em quase todos os lugares onde existe diferença existe incompreensão , despreparo e , por fim, preconceito.
Como lidar com isto? O que fazer? Parece uma pandemia…está por todo o lado; não é ? ; a nível global – mundial!
Pessoalmente já visionei variadas posturas perante esta temática…. Variadas…
Sei dizer-vos que na nossa realidade familiar , nunca até hoje sofremos preconceito. Felizmente as estruturas onde nos inserimos, particularmente a nível educativo e social estão ao nível do que consideramos aceitável num “tempo de mudança” onde começamos a sentir as “águas a mexer” e as consciências a despertar. Porém, sabemos que não é assim sempre… existe o tal “despreparo” que a autora refere, porque a disponibilidade para a solidariedade fraterna é difícil de praticar; ou muitas vezes a logística não permite …enfim… não sabemos o que nos reserva o futuro.... mas ...Se eu fizer o “meu trabalho” bem feito creio que isso não irá acontecer , não pelo menos a um nível que nos “abale” as estruturas. Com os nossos direitos , vêm os nossos deveres. Levar informação. Educar. Humanizar.
Por falar em “estruturas” ;
Posso dizer-vos que a base é tudo. Ela vem da educação escolar, mas principalmente da educação famíliar.
A autora refere o “despreparo” dos alunos; eu arrisco a dizer que o “despreparo” não é deles, nem da escola…mas sim dos pais ou do sistema familiar de onde a criança é proveniente.
Assisti, na primeira pessoa, a reações de crianças com uma disponibilidade incrível para compreender e aceitar a diferença no nosso caso, em particular ; mas outros com que diariamente me deparo, onde não há preconceito algum;e asseguro que as necessidades educativas de saúde são “normais” para eles e estamos a falar de idades no pré-escolar e ensino básico, onde muitas vezes esperamos pouca maturidade e disponibilidade para estes enquadramentos.Com o avançar etário perdem-se, por vezes, algumas sensibilidades…nem sempre; todavia é importante que esta ”humanização” não se dissipe… criar modelos pedagógicos complementares aos programas curriculares talvez seja a solução inicial… Dar mais ênfase aos currículos do básico e secundário na Educação para a cidadania e desenvolvimento ; nos tópicos abordados nos grupos 1- “ Direitos humanos” ; “igualdade de género”; interculturalidade”; “saúde” e grupo 2 – “ instituições e participação democrática” ; afinal “Inclusão” significa uma educação democrática…. A escola tem um papel fundamental; sem dúvida. Mas a família é a BASE. E depois , os restantes intervenientes... que necessitam de formação especializada ; mas a não especializada é válida também; informar; mostrar como abordar; como intervir , como INCLUIR; boa?!
Assisti, no entanto, na primeira pessoa a preconceitos raciais/étnicos preocupantes, coisas como por exemplo, uma “choradeira” porque a “não sei quantos se sentou na minha cadeira ou tocou no meu caderno” …aparentemente inofensivos, mas que no futuro irão se manifestar em adultos “despreparados” que irão ter filhos “despreparados” e completamente ignorantes na diversidade.
Como vos disse, não posso na verdade dizer-vos que o preconceito nos vitimou; porque de facto não aconteceu.
É por isso que ele não existe? CLARO QUE NÃO!
Temos de nos preparar; dotar de "armas", e para mim não há maior arma que o CONHECIMENTO.
Tal como a autora e o livro em questão referem: “Cabe à escola como instituição que produz e reproduz nossa sociedade, trazer para seu quotidiano o exercício de cidadania consciente em face de diversidade”, e acrescenta “ mudar mentalidades, superar o preconceito e combater atitudes discriminatórias são finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito mútuo, o que é tarefa para a sociedade como um todo. A escola tem um papel crucial a desempenhar neste processo. Em primeiro lugar porque é espaço de origens e níveis socioeconómico diferentes, com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada um conhece, com visões de mundo diversas daquelas que compartilha em família. Em segundo, porque é um dos lugares onde são ensinadas as regras do espaço público para o convívio democrático com a diferença. Em terceiro lugar, porque a escola apresenta à criança conhecimentos sistematizados sobre o país e o mundo.”
A autora , no seu ensaio, remata: “A sociedade comprometida com a luta pela escola democrática, deve levar em conta os valores que estão sendo veiculados pela mesma , participando ativamente com a escola no sentido de poder contribuir para um novo paradigma.” ; ou seja , a sociedade em conjunto com as escolas , implementando finalmente a inclusão , para que a escola seja verdadeiramente democrática.
Polémicas À parte, relativamente ao caso português e à revisão do Decreto Lei 3, e da visão “romântica” que filosofia inclusiva aporta, segundo alguns, a verdade é que este defende algo que todos deveriam desejar- um lugar onde educar seja a missiva, independente de cor, sexo, aparência física ou religião.
Para tudo isto todo o enquadramento tem de mudar!!!!
Não são as escolas apenas…é toda a infraestrutura envolvente; a escolar , a familiar e a comunitária… “a cidadania, pressupõe interação escolar; familiar e comunitária, consolidada por políticas públicas e a participação ativa dos alunos, seus pais e os profissionais”; segundo o autor do livro.
E é isto mesmo; é uma ação global.
Lidar com diferença não é apenas uma preocupação dos que nela estão diretamente!
O propósito de toda esta reflexão é o seguinte: compreender que esta temática será sempre muito complexa; mas que não nos podemos deixar abater; devemos tentar sempre impor aquilo em que se acredita ainda que nos demovam. Nunca cruzar os braços e desistir; nunca solicitar direitos sem cumprir deveres. LUTAR. EDUCAR. INFORMAR. HUMANIZAR.
No "meio" de tudo isto existe algo cuja mudança é ainda mais IMPERATIVA- o preconceito dentro da própria diferença. Sim; ele existe. Numa próxima falaremos desta problemática.
Fontes:
Autor do Blogue “ Pedagogia ao pé da Letra”: Érica Nunes Andrade
AQUINO , Julio Groppa . Diferenças e preconceito na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summos, 1998
Abraços!
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