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Autismo não é uma doença!

É uma perturbação global do desenvolvimento"na qual se encontram comprometidas 3 grandes áreas:

A comunicação verbal e não verbal, o comportamento  e a interação social.

Não sendo uma doença/patologia , trata-se , portanto, de uma condição.

Encontramos barreiras ou entraves, isto é, limitações/deficiências a nível da  Comunicação ;da Interação Social e a nível comportamental.

Num quadro geral observamos limitações na reciprocidade social e emocional;limitação em iniciar , manter e entender relacionamentos, e consequentemente uma limitação nos comportamentos de comunicação verbal e não verbal utilizados, variando a dificuldade de adaptação comportamental de acordo com cada sujeito.

Observamos padrões restritos e/ou repetitivos de comportamento, interesses ou atividades.

Podemos encontrá-los manifestados da seguinte forma:

Movimentos repetitivos e estereotipados ; insistência nas mesmas coisas, e em muitos casos, uma aderência inflexível a padrões de comportamento e rotinas, ou na forma como a comunicação acontece- verbal e não verbal; observamos interesses intensos no seu foco; observamos respostas hiper/ e ou hipo-reativas a estímulos sensoriais.

Como identificar?

Os sintomas devem estar presentes nas primeiras etapas do desenvolvimento da criança. No entanto, poderão estar não manifestadas até que demanda social do quotidiano se imponha. Por vezes , podem até estar "camufladas".

Sempre que se denote um "prejuízo" maior nas áreas social e comportamental do funcionamento da criança devemos estar atentos.

 As perturbações do Espectro do Autismo  refletem-se  num atraso global do desenvolvimento, é por isso comum que haja uma ordem anómala ( ou seja, não sequencial) das aquisições do desenvolvimento.

Características mais comuns:

Observamos gostos "estranhos" ( na ótica de um neurotípico ) e algumas fixações;

observamos uma boa memória visual * e auditiva que permite identificar e nomear letras e números antes de falar;

observamos na comunicação o usos de grandes ladainhas e ecolalias, mas uma impossibilidade , por vezes, de responder a questões como "como te chamas?"

Porém, é importante compreender que " Espectro" significa várias amplitudes e intensidades.

Ainda que haja um regulador que distinga a condição como "leve, moderada ou grave" , cada sujeito é "um universo" dentro de um "universo".

Existem , ao contrário do que é comum pensar-se, algumas características físicas que nos indicam que uma criança é autista .

Eles podem ser:

"circunferência craniana grande", olheiras, pestanas grandes,bochechas e orelhas grandes, alergias e intolerâncias, intestino permeável, diarreia, refluxo; e a nível cognitivo - deficit de atenção; boa habilidade de visualização e pensamento pelo concreto.

De notar que  todas as características e sintomas identificados estão aleatoriamente presentes e subdivididos. Não encontramos todas elas num só sujeito.

Quais são as causas?

Estamos perante um transtorno bioneurológico ; ou seja, algo que acontece "dentro " do cérebro; isto é , no nosso sistema nervoso. A ciência defende que se nasce nesta condição ( "bio").

Fatores genéticos são apontados como 10%  da causa; e estudos recentes comprovam que eventos durante a gravidez como doenças, exposição a metais pesados entre outros, podem contribuir para o seu aparecimento.

É importante frisar que não há uma má formação cerebral no autismo. O que acontece é que as  ligações entre os neurónios são diferentes: aparentemente existe"ausência" das sinapses/circuitos ( ligações) neurais: as ligações neuronais ( neurónio-espelho) estão relacionadas com competências como empatia, imitação, consciencialização do que nos rodeia,aprendizagem... e nesta condição estão quase sempre comprometidas. É sabido, por exemplo, que esta disfunção nos circuitos neurais  acontece porque se deram mutações nessas vias específicas deixando este campo da comunicação ( assim como os outros dois) comprometido.

A maioria dos autores atuais suporta a hipótese de que o autismo pode ser poligénico, ou seja  fatores ambientais podem interagir com fatores genéticos e aumentar o risco do aparecimento do autismo.

Autismo e deficiência mental?

- Não há deficiência mental no autismo. Nesta encontramos interação social sempre. O que não acontece no autismo.

Autismo e Défice Sensorial?

- Sim. Surdez ou cegueira*

Poderão existir casos raros de Savantismo:é considerado um distúrbio psíquico com o qual a pessoa possui uma grande habilidade intelectual aliada a um deficit de inteligência. Tais habilidades são sempre ligadas a uma memória extraordinária, porém com pouca compreensão do que está sendo descrito.Estudos realizados por Bernard Rimland,na Califórnia, observam que as habilidades presentes em autistas-prodígio são mais frequentemente associadas às funções do hemisfério direito (incluem música, arte, matemática, formas de cálculos, entre outras aptidões), e as habilidades mais deficientes são as relacionadas com as funções do hemisfério esquerdo (incluem linguagem e a especialização da fala).

Patologias associadas ao Autismo:

No caso dos autistas não verbais existe a possibilidade da associação da APRAXIA*(e  Dispraxia)  da fala ao espectro autista. ( Apraxia/Dispraxia é um deficit do planeamento das sequências motoras da fala. Quando não acontece o refinamento e a criança não adquire a articulação da fala. Pode emitir só vogais ou fonemas soltos; pode ter dificuldades de mastigação; poderá não conseguir colocara língua para fora... entre outros. Esta acontece no cerebelo, ou seja, não tem ligação ao encéfalo e às funções cognitivas.(*tema a debater futuramente no blog).

Autismo e Processamento Sensorial:

No autismo dá-se uma alteração do processamento sensorial. Acontece uma "enxurrada de informação" . Tudo vai ao mesmo tempo. E não é possível lidar com tanta informação. O cérebro tem dificuldade de conexão.Ficam "sobrecarregados e é por isso que muitas vezes assistimos a comportamentos que a sociedade vê como "mau comportamento" , como gritos, tapar os ouvidos, entre outros.

Esta é a sua resposta.

Após estes episódios poderemos observar a um comportamento giratório sob si mesmo, ou seja uma tentativa de reequilibrar-se.

  Podemos observar que isto é contrário ao processamento sensorial de um neurotípico.

Este recebe e processa de acordo com a relevância que a informação tem para ele.

Então, estamos perante um desordenamento das habilidades sensoriais.

As consequências dessa desorganização são a hipersensibilidade ou a hipo-sensibilidade apresentada pela criança: a criança incomoda-se nitidamente com um determinado cheiro. Isto é reflexo da hipersensibilidade (hiper – acima, muito, intenso). Já a hipo - sensibilidade apresenta uma escassez do sentido de determinada habilidade da pessoa.

Algo que  deve ser levado sempre em conta: a particularidade de cada um . Isto significa que o processamento sensorial apresenta especificidades . Portanto, não se deve nunca generalizar, pois cada criança pode apresentar uma característica diferente.

O que fazer perante o "Autismo"?

Avaliação:Escala do desenvolvimento+ escala do comportamento- Observação e questionários...

Objetivo: Identificar potencial de aprendizagem da criança.

Plano: Potenciar os pontos fortes e não as fragilidades, para que posteriormente possam traçar um plano de intervenção adaptado ao perfil da criança centrado na funcionalidade, ou seja, potenciar autonomia, competências e aptidões.

Orientação da avaliação: Médicos especialistas, equipas multidisciplinares compostas por neurologistas, neuro-pediatras ,terapeutas ocupacionais , terapeutas da fala, neuropsicólogos, fisioterapeutas,técnicos de enfermagem auxiliares( entre outros).

A construção de um diagnóstico é difícil pela enorme diversidade do espectro como já foi referido, é, por isso,  muito importante que ao diagnosticar se reconheça e perceba com  exatidão os traços de perfil..

A intervenção precoce no espectro leva-nos a uma maior qualidade de vida.

Decifrar sentimentos e estados de animo para poder intervir e estabelecer uma linguagem comum que una terapeutas , criança e família é primordial.

Estabelecer uma linguagem "universal" em todas as "frentes"  não pode ser um código restrito ao universo "familiar ", por exemplo; porque queremos implementar funcionalidade e autonomia na criança.

Devemos explorar novas formas de comunicação;formas diretas.

Observar como a criança comunica .

Acima de tudo , intervenção profissional ou familiar requer entrega TOTAL, PAIXÃO e CONHECIMENTO.

Procura constante de formas de comunicação ativa e afetuosa e aceitação INCONDICIONAL e adaptativa a uma outra realidade.

Inclusão é aceitação, conhecimento e compreensão.

"Aquela criança não é uma coitadinha diferente" !

Diferentes somos todos nós!

Autistas têm necessidades específicas e não apenas "especiais"..

Todos nós  somos especialmente diferentes com as nossas singularidades...

Todos buscamos um fator que nos diferencie dos restantes...

Mas,todavia , por vezes , perante a diferença somos indiferentes...

Vamos mudar a forma como vemos o mundo.

Inclusão é a aceitação de todas as diferenças.

Inclusão é dizer NÃO ao preconceito.

Juntos seremos mais fortes.

Juntos iremos mais longe.

Venham connosco!!

por Teresa Radamanto

Fontes:

Torres,Dra Andreia in Manual de Formação em Nutrição no Autismo- Alimentação e Suplementação no TEA -  UDEMY Brasil 2017

Site:Entendendo o autismo.com.br 2016

Van der linder, Dr Hélio in Neurologia Infantil e Neuro-fisiologia - Congresso Neurologia 2015

Brito, Dra Maria Cláudia- Saber Autismo- Youtube Channel

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